quarta-feira, 7 de novembro de 2007

VOU REABILITAR O TRABALHO - Sarkozy, Presidente da França.




Do ponto de vista do pensamento filosófico e da construção das teorias sociais e humanistas o Brasil sempre foi caudatário da França. Por isso mesmo que há tanta semelhança entre o pensamento intelectual dos dois países, separados pelo Atlântico, mas próximos nos acontecimentos culturais, principalmente nas rodas acadêmicas e (ou) pseudo-intelectuais. Assim, os trechos do discurso de posse do presidente Sarkozy que circulam na internet parecem uma premonição, principalmente quando retratam o atual momento em que vive uma parcela muito grande da intelectualidade brasileira.

No seu discurso, o presidente começou por desancar o pensamento dos intelectuais que fizeram reféns da sua cultura toda (ou quase toda) uma geração, com suas antipáticas condutas de monopolizações do saber.

1. Sobre isso : - “O pensamento único é daquele que sabe tudo e que condena a política enquanto a mesma é praticada.”

2. É curioso como retrata um universo tão conhecido de nós, brasileiros, na quadra em que vivemos:- “Não vamos permitir a mercantilização de um mundo onde não há lugar para a cultura: desde 1968 não se podia falar da moral. Haviam-nos imposto o relativismo. A idéia de que tudo é igual, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, que o aluno vale tanto como o mestre, que não se podia dar notas para não traumatizar o mau estudante.”- “Fizeram-nos crer que a vítima conta menos que o delinqüente. Que a autoridade estava morta, que as boas maneiras haviam terminado. Que não havia nada sagrado, nada admirável.”

3. Refere-se à pregação que, em outras palavras, percebe-se diariamente nos meios acadêmicos e em muitos órgãos governamentais ligados aos chamados “movimentos sociais”, de defesa das minorias, dos índios, dos afro-descendentes (quilombolas), dos alunos de escola pública, dos clientes dos programas de “fome zero”, e, ainda de ONGs ligadas ao MST e “Via Campesina”, com muito destaque na mídia: - “Era o slogan de maio de 68 nas paredes de Sorbonne: 'Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar'. Quiseram terminar com a escola de excelência e do civismo. Assassinaram os escrúpulos e a ética. Deixaram sem poder as forças da ordem“ (Parece até uma referência à inoperância do Judiciário e da Polícia em face das invasões de fazendas produtivas, edifícios urbanos, prédios públicos e bancos, além de bloqueio de ruas e estradas, no Brasil, de hoje.

4. Qualquer semelhança (seria mera coincidência ?) “Os vândalos são bons e a polícia é má. Como se a sociedade fosse sempre culpada e o delinqüente, sempre um inocente.”

5. E retorna à conduta dos intelectuais de esquerda:- “Defendem os serviços públicos, mas jamais usam o transporte coletivo. Amam tanto a escola pública, mas seus filhos estudam em colégios privados. Dizem adorar a periferia e jamais vivem nela. Assinam petições quando se expulsa um invasor de moradia, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa.”

6. E arrematou como se fosse um recado para o nosso futuro: - “Não podemos inventar impostos para estimular aquele que cobra do Estado sem trabalhar. Quero criar uma cidadania de deveres. Primeiro os deveres, logo após os direitos.”


Esse é um bom discurso futurista para quem, como nós, convivemos com a intelectualidade arrependida que guarda, até mesmo, um discurso frio de um ex-Presidente da República pedindo que esquecessem tudo o que outrora escreveu. Sobre esses cultores da periferia e da pobreza, a que se referiu, lembrou-me a lição profética do carnavalesco Joãozinho Trinta quando a Escola de Samba Beija Flor venceu o desfile do Carnaval carioca. “Pobre gosta é de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual”.

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